História da Vida Privada em Portugal

A primeira grande História de Vida Privada em Portugal em quatro volumes sob a direção de José Mattoso.


Público, PÚBLICA

Entrevista de Anabela Mota Ribeiro na revista de domingo do Público - Pública.
Leia aqui.


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Comentários à obra...

«O rigor de detalhe desta pesquisa não retira a esta coleção o prazer da leitura que se assemelha ao dos grandes clássicos.»
Diário Económico

«...é de sentimentos e mentalidades que trata [esta] coleção...»
TimeOut

«Profusamente ilustrado, sempre com ligação ao tema tratado, a obra confirma a existência de um lado dos nossos antepassados que merece ser historiado e lido pelos contemporâneos.»
Diário de Notícias

«A privacidade conheceu grandes transformações recentemente, também em Portugal, que já merecia uma obra à sua medida.»
Expresso

«E assim entramos pelas casas (e em alguns capítulos entramos na cama) dos portugueses e vamos percebendo como a ideia de vida privada é algo que se vai construindo e que corresponde a entendimentos diferentes conforme as épocas.»
Público, ípsilon

«...ferramenta indispensável ao historiador e narrativa apaixonante para o leitor.»
Máxima

«...esta obra condensa em si uma ampla retrospectiva daquilo que fomos e somos, numa tentativa de definir os pilares da portugalidade, no sentido mais abrangente do termo.»
os meus livros

«...as horas passadas na cozinha, a escolha das ementas, a ida à missa, a confissão, os casamentos, os batizados, o sexo e o amor. E desse domínio, o não dito e o não escrito, que se ocupa ...a História da Vida Privada em Portugal...»
Jornal de Letras

«É na sequência do brilhante trabalho de pioneiro realizado por Oliveira Marques que inserimos este volume da "História da Vida Privada em Portugal»...»
Jornal de Negócios

«...uma nova História de Portugal, onde os vencedores ficam na sombra - a luz incide sobre a vida privada de todos.» - Visão

«Vamos a algumas datas da vida de José Mattoso. (Que nunca foi bom em datas.) Nasceu em 1933. Entrou para o mosteiro beneditino de Singeverga em 1950. Doutorou-se em História Medieval pela Universidade de Lovaina em 1966. Regressou à vida laica em 1970. Foi Prémio Pessoa em 1987. Dirigiu uma História de Portugal, que ainda é uma referência, em 1993/95. Foi professor universitário, dirigiu a Torre do Tombo, tem uma obra extensa. Acaba de ser lançado um livro que tem a sua coordenação, História da Vida Privada em Portugal – A Idade Média. O seu cognome poderia ser: José Mattoso, o Medievalista.»
Anabela Mota Ribeiro, Público

«Historiador de projecção nacional e internacional, o professor Mattoso tem dado um importante contributo para o conhecimento da identidade portuguesa e das raízes da Europa.»
Jornal de Notícias

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José Mattoso, diretor de obra


ENTREVISTA


José
Mattoso


Em busca das pessoas...
Por ATF



A primeira grande «História da Vida Privada em Portugal». Inédita investigação de raiz, sob a direcção de José Mattoso.Pioneiro, o mestre dos mestres. José Mattoso vive a História como uma missão, uma procura essencial. Distinguido com alguns dos mais importantes prémios de história em Portugal e na Europa, está por detrás de obras como a «História de Portugal» e «Identificação de um país. Ensaio sobre as origens de Portugal». Hoje, com 77 anos, vive longe da ribalta e do burburinho do sucesso, mas continua a surpreender pela vitalidade e pela absoluta paixão com que se dedica a novos projectos. A «História da Vida Privada em Portugal» é, talvez, um dos seus mais ousados empreendimentos. Contou com uma equipa de elite para a sua concretização. Mas o rigor, a força para levar a bom porto aquilo que nenhum outro historiador tinha ainda tentado, deixa nesta obra a sua marca de homem de fé e ética.

Círculo de Leitores (CL) - Esta é uma obra em busca das pessoas por dentro da História?

José Mattoso (JM) - Uma busca das pessoas, sim. Não das pessoas-indivíduos, mas das pessoas inteiras, ou seja não apenas do que são por fora mas também do que tentam esconder. Ou melhor, do que em certas épocas, costumam esconder.

CL - E quão fácil (ou difícil) foi encontrar as pessoas (o seu sentir, as suas relações, a sua mentalidade) quando passaram séculos sobre a sua existência?

JM - Difícil, na verdade. Diria mesmo excessivamente ousado, sobretudo para as épocas mais recuadas, em que podemos ser enganados pelas aparências. Temos de procurar ler nas entrelinhas e de perscrutar os subentendidos. Temos de nos exercitar na interpretação de textos e de toda a espécie de indícios. Todavia, o que nos põe na pista do que procuramos são as diferenças que separam o privado de outrora do privado de hoje. De facto, em História, interessa-nos sobretudo o que muda, e explicar as razões da mudança. Isto não quer dizer que não interessam as estruturas ou a permanência. Sem a percepção das estruturas ou, como diz Braudel, do tempo longo, não poderíamos medir o alcance das mutações.
Mas creio que a sua pergunta se refere mais ao tipo de documentação susceptível de fornecer informações sobre a vida privada. Menciono, antes de mais, tudo aquilo que diz respeito à sexualidade. Depois, os códigos de comportamento e a punição das infracções, não só do foro sexual, mas também de qualquer outro género. Além disso, as confissões e outros testemunhos pessoais sobre acções e pensamentos íntimos. Com algum cuidado, podem-se examinar os relatos ficcionais que descrevem situações onde se confrontam as acções públicas com as acções secretas. Ora também nestas buscas se verifica que o mais interessante são as diferenças, ou mesmo as anomalias, em relação com os padrões de comportamento que é possível reconstituir para cada época e com a actual repartição entre o que consideramos «público» e o que consideramos «privado».

CL - O que acrescenta esta obra à historiografia portuguesa?

JM - Creio que é sobretudo uma certa sistematização do conhecimento. Podem-se encontrar muitas – ou melhor, bastantes – informações já recolhidas pelos nossos historiadores a respeito da vida quotidiana. Entre estas, encontram-se muitos dados significativos para a reconstituição da vida privada. Mas a vida privada não é a mesma coisa que a vida quotidiana. Além disso, os investigadores da vida quotidiana contentam-se, em geral, com uma apresentação descritiva dos factos. A vida privada está mais relacionada com a mentalidade. A razão de ser dos comportamentos privados é mais profunda e complexa. Verificam-se, até, reacções contraditórias ou diferenciadas conforme os grupos humanos em que se dão. O certo é que não houve nunca em Portugal uma tentativa de sistematização e de coordenação desses dados, de forma a poder compreender as concepções correntes acerca da privacidade.

CL - Na introdução à obra, o Prof. Mattoso refere a sensação de “espreitar o passado pelo buraco da fechadura”.

JM - Não é preciso ser muito perspicaz para perceber, por exemplo, que a sociedade actual tem uma atitude diferente da sociedade medieval acerca, por exemplo, da nudez. O mesmo diria a respeito da higiene corporal. Para percebermos o significado destas diferenças, temos, de facto, de «espreitar pelo buraco da fechadura», isto é de reunir pequenos indícios acerca das várias espécies de interditos e das respectivas infracções e de descobrir qual a sua razão de ser. Temos menos certezas acerca dos sentimentos humanos. Tomemos, por exemplo, um texto babilónico de não sei quantos séculos anterior ao cristianismo que exprime a emoção amorosa de um homem para com a sua amada. Não se vê diferença nenhuma em relação àquilo que pode sentir um homem apaixonado da nossa época. O homem de hoje é o mesmo de sempre. Em compensação existe toda uma polémica acerca do sentimento dos adultos para com as crianças. J. L. Flandrin, por exemplo, pensava que a ternura pelas crianças nasceu na época contemporânea. Mas as suas opiniões foram muito criticadas. E. Shorter achava que o amor conjugal propriamente dito apareceu com o romantismo. São generalizações discutíveis. É preciso distinguir as épocas, as regiões, os contextos, a natureza dos vestígios. Por outro lado, é preciso averiguar a coerência e a polissemia dos testemunhos. Foi por isso que pedimos a colaboração de muitos autores. Para interpretar os textos de uma época é preciso conhecê-la bem.


CL - Exercício de olhares. Parece-me existir aqui um desafio a colocarmo-nos no lugar do outro.

JM - Concordo, é claro. O desafio a colocarmo-nos no lugar do outro é sempre benéfico. O contrário, a incapacidade para perceber as razões do outro, é fonte de intolerância e de violência. A História é, de facto, uma disciplina que ajuda a olhar sem crispação e, ao mesmo tempo, sem ilusões, para as regras de comportamento que o homem foi inventando através dos tempos.


CL - Permita-me agora uma observação. Conhecedor profundo do nosso passado, o Prof. Mattoso parece ter optado por viver longe da ribalta, longe da espuma do sucesso, do burburinho das polémicas. Porquê?

JM - Se há muitas maneiras de cumprir o destino humano, como mostra a variedade de caminhos que o Homem tem seguido através do tempo e do espaço, e se isso é positivo por demonstrar as suas inúmeras virtualidades, é preciso também preservar aquele caminho que consiste em escolher a renúncia ao sucesso, ao ganho imediato, à precipitação, enfim, à ânsia de poder, donde nascem toda a espécie de conflitos. A minha referência, para deixar as coisas claras, é Jesus Cristo. Ele afasta-se da multidão para orar, mas não deixa nunca de pregar, e de pregar a aceitação da realidade e a paz. A minha pregação, se assim lhe posso chamar, é explicar o sentido da História.

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